Poucos percebem que, enquanto o mundo financeiro celebra as ações ordinárias com fanfarra e volatilidade, um tipo de ativo silencioso — as ações preferenciais — opera nos bastidores com uma elegância discreta, oferecendo renda previsível, prioridade em pagamentos e uma estabilidade rara nos mercados modernos.

Será que as ações preferenciais representam uma alternativa subestimada para quem busca proteção de capital sem abrir mão de retorno? A resposta, como veremos, está entrelaçada com décadas de evolução corporativa, decisões regulatórias internacionais e escolhas estratégicas de investidores que preferem lucros consistentes a holofotes passageiros.

As ações preferenciais não são novidade. Surgiram no século XIX nos Estados Unidos como mecanismo para atrair capital sem diluir o controle acionário. Enquanto os fundadores mantinham o voto com ações ordinárias, investidores institucionais e conservadores recebiam ações preferenciais — com direito a dividendos fixos ou priorizados, mas sem influência nas decisões da empresa. Hoje, esse modelo persiste, mas com nuances que variam de país para país, setor para setor, e até de ciclo econômico para ciclo econômico.

O que torna as ações preferenciais fascinantes não é apenas sua estrutura híbrida — entre dívida e patrimônio —, mas sua capacidade de se adaptar silenciosamente às necessidades de empresas e investidores em momentos de incerteza. Durante crises, enquanto as ordinárias despencam com o pânico do mercado, muitas preferenciais seguram o valor graças à cláusula de prioridade em dividendos. Em períodos de expansão, porém, elas raramente acompanham o crescimento exponencial das ordinárias, o que as torna menos atraentes para quem busca ganhos especulativos.

  • As ações preferenciais oferecem prioridade no recebimento de dividendos em relação às ações ordinárias.
  • Não conferem direito a voto em assembleias, exceto em casos extremos previstos em estatuto.
  • São frequentemente usadas por empresas de capital fechado ou controladas para manter o poder decisório concentrado.
  • Podem ser convertidas em ações ordinárias, resgatáveis ou perpétuas, dependendo da estrutura definida na emissão.
  • Têm tratamento fiscal diferenciado em várias jurisdições, como nos Estados Unidos e na Alemanha.

Antes de mergulharmos nos detalhes técnicos, é essencial entender que as ações preferenciais não são um produto financeiro monolítico. Elas variam tanto quanto os tipos de títulos de dívida: há as cumulativas, cujos dividendos não pagos se acumulam para pagamento futuro; as não cumulativas, onde o não pagamento significa perda definitiva do direito; as participativas, que permitem participação adicional nos lucros além do dividendo fixo; e as convertíveis, que dão ao acionista a opção de trocá-las por ações ordinárias sob certas condições.

Essa diversidade estrutural é justamente o que confunde muitos investidores. Ao olhar superficialmente, tudo parece igual: “ações sem voto”. Mas a realidade é que cada emissão carrega cláusulas específicas que podem transformar um ativo aparentemente conservador em uma armadilha ou em uma joia rara. A chave está em ler o prospecto — algo que poucos fazem, mas que separa os verdadeiros investidores dos meros especuladores.

O que torna as ações preferenciais diferentes das ordinárias?

A distinção mais óbvia é o direito a voto. As ações ordinárias dão ao titular o poder de influenciar decisões estratégicas da empresa — eleição de conselheiros, fusões, mudanças estatutárias. Já as ações preferenciais, por regra, são mudas. Não falam nas assembleias. Mas em troca, recebem tratamento privilegiado quando o assunto é distribuição de lucros.

Imagine uma empresa que decide distribuir 100 milhões em dividendos. Se houver ações preferenciais com cláusula de prioridade de 10% ao ano, esses acionistas recebem primeiro. Só depois o restante é dividido entre os detentores de ações ordinárias. Em anos ruins, isso pode significar que os ordinários não recebem nada, enquanto os preferenciais ainda levam sua parcela garantida — ou, no mínimo, acumulam o direito para o futuro.

Esse mecanismo cria uma hierarquia implícita no capital social. É como se os preferenciais fossem sócios silenciosos: investem, recebem seu retorno com prioridade, mas não interferem na condução dos negócios. Já os ordinários são os gestores ativos, dispostos a correr mais riscos em troca de potencial de valorização e controle.

Essa divisão não é arbitrária. Ela responde a uma lógica prática: empresas familiares, por exemplo, frequentemente usam ações preferenciais para levantar capital sem perder o comando. Na Alemanha, o modelo é comum em empresas do setor industrial de médio porte (as chamadas Mittelstand), onde o controle familiar é sagrado, mas o crescimento exige injeção externa de recursos.

No Japão, por décadas, conglomerados como o Mitsubishi e o Sumitomo estruturaram suas holdings com camadas complexas de ações preferenciais para manter alianças cruzadas entre empresas do grupo, garantindo estabilidade mesmo em tempos de turbulência macroeconômica. Essas práticas não são curiosidades históricas — elas continuam vivas, adaptadas às regulamentações modernas.

Vantagens e desvantagens reais das ações preferenciais

Investir em ações preferenciais pode ser uma jogada brilhante — ou um erro caro. Tudo depende do contexto, da estrutura da emissão e do perfil do investidor. Abaixo, um balanço honesto, sem romantização nem alarmismo.

Prós:

  • Renda previsível: muitas preferenciais pagam dividendos fixos ou com piso garantido, funcionando quase como títulos de renda fixa com potencial de valorização.
  • Prioridade em liquidação: em caso de falência, os preferenciais são pagos antes dos ordinários (embora depois dos credores).
  • Menor volatilidade: por não estarem tão expostas às emoções do mercado, tendem a oscilar menos que as ordinárias.
  • Tratamento fiscal favorável: em países como os EUA, dividendos de ações preferenciais qualificadas são tributados a taxas mais baixas que a renda comum.

Contras:

  • Sem direito a voto: o investidor abre mão de influência sobre a empresa, mesmo que detenha grande volume de ações.
  • Limitação de upside: raramente acompanham o crescimento explosivo das ordinárias em empresas de alto crescimento.
  • Risco de não pagamento: se a empresa não lucra, pode suspender dividendos — e em emissões não cumulativas, o prejuízo é irreversível.
  • Liquidez reduzida: em muitos mercados, especialmente fora dos EUA, o volume de negociação é baixo, dificultando a saída rápida.

Um exemplo prático ilustra bem essa dualidade. Em 2008, durante a crise financeira, bancos como o Citigroup e o Bank of America suspenderam dividendos de ações ordinárias. Mas algumas de suas emissões preferenciais — especialmente as apoiadas pelo programa TARP do governo americano — continuaram pagando, embora com atrasos. Investidores que tinham ações preferenciais dessas instituições sofreram menos com a desvalorização imediata, mas viram seus ativos congelados por anos até a recuperação do setor.

Já na Suécia, empresas como a Telia Company emitiram ações preferenciais com cláusulas de resgate obrigatório após 10 anos. Isso deu aos investidores uma data clara de retorno do capital, funcionando como um título de dívida com upside limitado. Estratégias como essa são comuns na Europa nórdica, onde a cultura de investimento valoriza previsibilidade e transparência contratuais.

Estruturas comuns de ações preferenciais ao redor do mundo

Não existe um modelo universal de ação preferencial. Cada jurisdição molda essas emissões conforme sua tradição jurídica, cultura corporativa e necessidades de mercado. Nos Estados Unidos, por exemplo, as preferred stocks são reguladas pela Securities and Exchange Commission (SEC) e frequentemente listadas em bolsas como a NYSE. Muitas delas têm características de títulos híbridos, com ratings de agências como Moody’s e S&P.

No Canadá, as ações preferenciais são extremamente populares entre fundos de pensão e seguradoras. Isso porque a legislação tributária canadense permite que dividendos de ações preferenciais sejam dedutíveis para empresas, criando um incentivo natural à emissão. Além disso, o mercado secundário é líquido, com ETFs especializados como o CPD da Horizons ETFs.

Na Índia, o Companies Act de 2013 introduziu regras rigorosas: ações preferenciais não podem exceder 25% do capital social total, e devem ser resgatadas em até 20 anos. Essa limitação busca evitar o uso abusivo do instrumento para contornar o direito de voto, refletindo uma preocupação com governança corporativa.

Já no Brasil — embora nosso foco seja global —, as ações preferenciais (PN) são onipresentes, com direito a voto restrito e prioridade em dividendos. Mas em países como a França ou a Itália, o uso é raro. Lá, o modelo de corporate governance favorece ações ordinárias com direitos diferenciados, não emissões separadas de preferenciais.

Essa diversidade geográfica mostra que as ações preferenciais não são um “produto padrão”, mas sim um contrato flexível, moldado pelas necessidades locais. Ignorar esse contexto é correr o risco de aplicar lógicas de um mercado em outro, com consequências desastrosas.

Como as ações preferenciais se comportam em diferentes ciclos econômicos?

Em tempos de expansão econômica, as ações preferenciais costumam ser ignoradas. Por quê? Porque os investidores buscam crescimento, não renda. Enquanto empresas de tecnologia disparam com valorizações de 50%, 100% ou mais ao ano, uma ação preferencial que paga 6% ao ano parece entediante. O capital migra para ativos de maior risco e retorno.

Mas quando a economia desacelera, os ventos mudam. A volatilidade assusta, os juros caem, e a busca por renda estável aumenta. É nesse momento que as ações preferenciais brilham. Seus dividendos fixos ou priorizados tornam-se âncoras em um mar de incertezas. Além disso, como muitas têm cláusulas de proteção contra inflação ou indexação a benchmarks, oferecem uma defesa passiva contra a erosão do poder aquisitivo.

Durante a pandemia de 2020, por exemplo, enquanto o S&P 500 ordinário caiu mais de 30% em março, ETFs de ações preferenciais como o PFF caíram cerca de 20% — uma diferença significativa em termos de drawdown. E na recuperação, embora tenham demorado mais para voltar ao patamar anterior, fizeram isso com menos turbulência.

Isso não significa que sejam imunes a crises. Em cenários de colapso sistêmico — como a quebra de Lehman Brothers —, até as preferenciais sofrem. Muitas instituições financeiras simplesmente não tinham caixa para pagar dividendos, e os acionistas preferenciais viram seus rendimentos evaporarem. A lição? Prioridade não é garantia absoluta — é apenas uma posição na fila.

O investidor sábio entende que as ações preferenciais não são um substituto para ações ordinárias, mas um complemento estratégico. Elas funcionam melhor em carteiras diversificadas, onde equilibram risco e renda, especialmente para perfis conservadores ou em fase de distribuição (como aposentadoria).

Comparação direta: ações preferenciais versus outros ativos de renda

Para entender o verdadeiro lugar das ações preferenciais no portfólio, é útil compará-las com alternativas comuns de renda: títulos corporativos, ações ordinárias de dividendos e fundos imobiliários (REITs).

CaracterísticaAções PreferenciaisTítulos CorporativosAções Ordinárias de DividendosREITs
Prioridade em falênciaApós credores, antes de ordináriasPrimeira (senior debt)ÚltimaDepende da estrutura (geralmente equity)
RendaFixa ou priorizadaFixa (juros)Variável (depende dos lucros)Alta (obrigação legal de distribuir 90%+ dos lucros)
Direito a votoNão (geralmente)NãoSimRaro
Potencial de valorizaçãoBaixo a moderadoMuito baixo (retorno do principal)AltoModerado
Sensibilidade a jurosAlta (como títulos)Muito altaBaixaAlta
Liquidez (mercados desenvolvidos)ModeradaAlta (investment grade)Muito altaAlta

Essa tabela revela algo crucial: as ações preferenciais ocupam um nicho híbrido. São mais arriscadas que títulos, mas menos voláteis que ações. Pagam renda mais estável que ordinárias, mas com menor potencial de crescimento. Para o investidor que busca um “meio-termo inteligente”, elas são uma peça-chave.

Um gestor de fundo de pensão na Noruega, por exemplo, pode alocar 15% de seu portfólio em ações preferenciais de utilities europeias — empresas com fluxo de caixa previsível, reguladas e com histórico de pagamento ininterrupto de dividendos. Esse movimento não busca enriquecer rapidamente, mas garantir que as obrigações futuras de aposentadoria sejam cumpridas com segurança.

Já um investidor individual no México pode usar ações preferenciais de empresas como América Móvil (embora listadas localmente) como forma de gerar renda em pesos, com menor exposição à volatilidade do mercado acionário local. A estratégia varia, mas o princípio é o mesmo: estabilidade com prioridade.

Erros comuns ao investir em ações preferenciais

O maior erro é tratar todas as ações preferenciais como iguais. Uma emissão da Apple (se ela emitisse) não é comparável a uma de uma pequena empresa de energia renovável na Polônia. Cada prospecto é um contrato único, e ignorar suas cláusulas é como assinar um empréstimo sem ler a taxa de juros.

Outro equívoco frequente é subestimar o risco de taxa de juros. Como muitas preferenciais pagam dividendos fixos, seu valor de mercado cai quando os juros sobem — exatamente como títulos. Em 2022, com o aperto monetário global, ETFs de ações preferenciais caíram mais de 15% nos EUA, não por problemas de crédito, mas por mudança no ambiente de juros.

Também é comum confundir “prioridade em dividendos” com “garantia de pagamento”. Prioridade significa que, se houver dinheiro, você recebe antes. Mas se a empresa não tiver lucro — ou decidir reinvestir tudo —, você pode ficar sem nada. Em emissões não cumulativas, isso é um prejuízo definitivo.

Além disso, muitos investidores ignoram o chamado “call risk” — o risco de a empresa resgatar as ações antes do prazo, especialmente quando os juros caem. Se você comprou uma preferencial que paga 8% e, dois anos depois, a empresa a resgata porque consegue emitir nova dívida a 4%, você perde sua fonte de renda elevada e precisa reinvestir em um ambiente menos favorável.

Por fim, há o erro de liquidez. Em mercados emergentes ou em emissões privadas, sair de uma posição pode levar semanas — ou exigir descontos significativos. Sempre verifique o volume médio diário antes de investir.

Como avaliar uma emissão de ações preferenciais?

Avaliar uma ação preferencial exige uma mentalidade híbrida: parte analista de crédito, parte investidor de renda variável. Primeiro, examine a saúde financeira da emissora. Mesmo com prioridade, se a empresa quebrar, o retorno será mínimo. Indicadores como dívida líquida/EBITDA, cobertura de juros e fluxo de caixa operacional são essenciais.

Depois, leia o termo de emissão. Pergunte-se: os dividendos são cumulativos? Há data de resgate? É convertível? Qual é o yield atual? Existe proteção contra inflação? Muitos prospectos estão disponíveis em sites regulatórios como EDGAR (EUA), SEDAR (Canadá) ou ESMA (Europa).

Compare o yield com o de títulos corporativos da mesma empresa e rating. Se a ação preferencial paga 7% e o título sênior paga 5%, há um prêmio de risco de 200 pontos base — justificável? Talvez sim, se houver potencial de valorização ou benefícios fiscais.

Considere também o setor. Utilities, telecomunicações e bancos são os maiores emissores de ações preferenciais, pois têm fluxos de caixa previsíveis e regulamentação estável. Já empresas cíclicas — como as de commodities — são arriscadas, pois seus lucros variam muito com o ciclo econômico.

Por fim, pense no macroambiente. Em um cenário de juros altos e inflação controlada, as preferenciais com dividendos fixos perdem atratividade. Mas em juros baixos e crescimento lento, tornam-se refúgio natural. A alocação deve ser dinâmica, não dogmática.

Exemplos reais de sucesso com ações preferenciais

Um dos maiores defensores das ações preferenciais foi o investidor canadense Prem Watsa, fundador da Fairfax Financial. Durante a década de 2010, ele construiu posições significativas em emissões preferenciais de seguradoras e bancos, atraído pela combinação de renda estável e proteção em cenários de estresse.

Na Austrália, fundos de superannuation (equivalente aos fundos de pensão) alocam bilhões em ações preferenciais de empresas como a Commonwealth Bank e a Telstra. A lógica é simples: essas empresas têm lucros consistentes, regulamentação favorável e compromisso histórico com dividendos. Para um fundo que precisa pagar aposentadorias por décadas, essa previsibilidade é ouro.

Na Suíça, o banco UBS emitiu ações preferenciais após a crise de 2008 para reforçar seu capital regulatório, com cláusulas que permitiam conversão automática em ordinárias em caso de estresse extremo. Investidores institucionais compraram esses papéis não apenas pela renda, mas como forma de apoiar a estabilidade do sistema financeiro — com retorno garantido.

Até mesmo no setor de tecnologia, há casos. A IBM, por exemplo, manteve emissões de ações preferenciais por décadas, usadas principalmente por fundos de renda fixa que buscavam exposição ao setor sem volatilidade excessiva. Embora tenha encerrado essas emissões nos anos 2010, o legado mostra que até setores inovadores podem usar o instrumento com sabedoria.

O padrão comum entre esses exemplos? Disciplina. Nenhum desses investidores comprou ações preferenciais por impulso ou especulação. Cada posição foi resultado de análise rigorosa, alinhamento com objetivos de longo prazo e compreensão profunda das cláusulas contratuais.

O futuro das ações preferenciais em um mundo de finanças descentralizadas

Com o avanço das finanças descentralizadas (DeFi) e dos tokens de governança, surge a pergunta: as ações preferenciais ainda têm lugar no futuro? A resposta é sim — e talvez até mais relevante. Enquanto os tokens de governança nas blockchains dão direito a voto em protocolos, eles raramente oferecem renda passiva consistente.

Projetos como o Maple Finance e o TrueFi já experimentam estruturas semelhantes: tokens de “yield” sem direito a voto, mas com prioridade no recebimento de juros. É a lógica das ações preferenciais reaparecendo em código. A diferença é que, no mundo tradicional, há décadas de jurisprudência e proteção legal; no DeFi, tudo ainda é experimental.

Além disso, a crescente demanda por investimentos ESG (ambientais, sociais e de governança) pode impulsionar novas formas de ações preferenciais. Imagine emissões vinculadas a metas de sustentabilidade: se a empresa reduzir suas emissões de carbono, os dividendos aumentam. Já há casos na Europa com títulos verdes — as ações preferenciais verdes podem ser o próximo passo.

Por fim, a globalização dos mercados financeiros torna as ações preferenciais mais acessíveis. Plataformas como Interactive Brokers ou Saxo Bank permitem que um investidor no Quênia compre uma emissão preferencial de uma empresa alemã com poucos cliques. Essa democratização amplia o universo de oportunidades — mas também exige mais discernimento.

As ações preferenciais não desaparecerão. Elas evoluirão. E os investidores que entenderem sua essência — prioridade, estabilidade, contrato claro — estarão sempre um passo à frente.

Conclusão: por que as ações preferenciais merecem seu lugar na carteira

As ações preferenciais não são glamorosas. Não aparecem nas manchetes quando explodem em valor. Não dão direito a aplaudir CEOs em assembleias. Mas para quem busca construir riqueza com paciência, disciplina e inteligência, elas são uma das ferramentas mais subutilizadas do arsenal financeiro global.

Elas representam um pacto silencioso entre empresa e investidor: “Você me dá capital sem pedir controle; eu te dou renda com prioridade.” Esse equilíbrio, aparentemente simples, sustentou impérios industriais, fortunas familiares e sistemas financeiros por mais de um século.

Em um mundo cada vez mais volátil, onde a atenção é escassa e o curto prazo domina, as ações preferenciais oferecem algo raro: previsibilidade. Não a ilusão de segurança absoluta, mas a clareza de um contrato bem definido, com regras transparentes e expectativas realistas.

Se você está construindo um portfólio para durar décadas — para sustentar uma aposentadoria, financiar uma causa ou simplesmente preservar o que conquistou —, ignorar as ações preferenciais é como navegar sem bússola. Elas não te levarão ao topo da montanha mais rápido, mas garantirão que você não se perca no caminho.

No final, investir não é sobre ganhar mais que os outros. É sobre perder menos quando todos perdem — e colher com calma quando os frutos amadurecem. As ações preferenciais, com sua quietude estratégica, são mestres nessa arte antiga.

O que acontece se a empresa não pagar dividendos nas ações preferenciais?

Depende da estrutura. Em emissões cumulativas, os dividendos não pagos se acumulam e devem ser quitados antes de qualquer pagamento a ordinários. Em não cumulativas, o direito se perde. Nenhum tipo garante pagamento automático — apenas prioridade se houver distribuição.

Posso converter minhas ações preferenciais em ordinárias?

Apenas se a emissão for convertível. Muitas não são. A conversão, quando permitida, segue regras específicas no prospecto — como data, razão de troca e condições de mercado. Nunca assuma que a conversão é automática ou garantida.

As ações preferenciais são boas para aposentadoria?

Sim, especialmente para quem busca renda estável e baixa volatilidade. Mas devem ser combinadas com outros ativos. Sozinhas, não protegem contra inflação de longo prazo nem oferecem crescimento real significativo. Funcionam melhor como parte de uma estratégia de distribuição.

Como a tributação afeta as ações preferenciais?

Varia por país. Nos EUA, dividendos qualificados têm alíquota reduzida. No Canadá, há crédito fiscal para evitar dupla tributação. Na União Europeia, regras diferem por nação. Sempre consulte a legislação local — a eficiência fiscal pode fazer ou desfazer o retorno líquido.

É possível perder todo o investimento em ações preferenciais?

Sim, embora seja raro. Em falência, após pagar credores, pode não sobrar nada para acionistas — preferenciais ou não. Além disso, em emissões perpétuas sem resgate, o valor de mercado pode cair a zero se a empresa perder relevância. Diversificação é essencial.

Ricardo Mendes
Ricardo Mendes

Sou Ricardo Mendes, investidor independente desde 2017. Ao longo dos anos, me aprofundei em análise técnica e em estratégias de gestão de risco. Gosto de compartilhar o que aprendi e ajudar iniciantes a entender o mercado de Forex e Cripto de forma simples, prática e segura, sempre colocando a proteção do capital em primeiro lugar.

Atualizado em: dezembro 18, 2025

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